domingo, 4 de abril de 2010

Eu

Eu não sinto frio, nem calor. Hoje eu não sinto.
Eu não sinto coragem, nem medo. Hoje eu não quero sentir.
Eu não quero estar aqui, eu não quero Estar em lugar algum. Hoje eu não quero estar.
Eu não tenho palavras, nem tenho fôlego. Hoje eu não quero falar.
Eu não olho, nem vejo. Hoje eu não quero enxergar.
Eu não vivi, nem me lembro de nada. Hoje eu não quero mais viver.
Eu não aspiro, nem inspiro a coisa alguma. Hoje eu não quero respirar.
Eu não rio, nem choro. Hoje eu não quero me emocionar.
Eu não sonho, nem realizo. Hoje eu não sei como se faz isso.
Eu não sigo a diante, nem volto atrás. Hoje eu não tenho um caminho.
Eu não sou, nem tenho. Hoje eu não existo.
Ninguém sabe, mas eu já não estou mais aqui. Ninguém entende, eu também não entendo. Hoje é um daqueles dias em que eu me arrependo de ter nadado tão rápido no ventre de minha mãe, me arrependo de não ter caído de cabeça aquele dia em que fui empurrada da escada, me arrependo de ter sobrevivido àquela cirurgia, me arrependo de ter sido puxada para traz quando àquele carro vinha direto na minha direção, me arrependo de ter aberto os olhos. Talvez nem uma dessas tenha sido escolha minha, talvez nada disso seja real. Hoje eu queria não existir, queria não ter nascido.

Ps: desculpem-me no meu egoismo, eu não escrevo p'ra nem num um de vós. Eu escrevo somente p'ra mim, deixo apenas que se deleitem na minha tristeza.

Texto: Gisele Moura

2 comentários:

  1. - Eu amo o mundo! Eu detesto o mundo! Eu creio em Deus! Deus é um absurdo! Eu vou me matar! Eu quero viver!
    - Você é louco?
    - Não, sou poeta.

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  2. - Você é louco?
    - Não, sou poeta.
    *-*

    Ai, ai, ai anônimo...

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